30 janeiro 2016

Resenha: A 5° Onda



Título Original: The 5TH Wave
Gênero: Romance/Young Adult
Autor: Rick Yansey

Páginas: 368

Ano: 2013
Editora: Fundamento

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Nota pessoal: 5/5   

Citação favorita: "— Entendi tudo errado — Evan continua. — Antes de achar você, pensei que a única forma de me manter inteiro era encontrando um motivo para viver. Não é assim. Para continuar inteiro, é preciso encontrar alguma coisa pela qual se está disposto a morrer."

Personagem Favorito: É tão difícil escolher um personagem favorito quando a história é repleta de personagens tão convincentes, reais, fiéis a uma ideia e completamente sensíveis. Eu poderia ser um deles. Você também. E todas as atitudes por eles tomadas, certas ou erradas, são completamente justificáveis, sabe? Então,pela primeira vez na vida aqui, não vou dar nomes, apenas saibam que são cinco e falarei sobre eles mais à frente. 


"Depois da primeira onda, só restou a escuridão. Depois da segunda onda, somente os que tiveram sorte sobreviveram. Depois da terceira onda, somente os que não tiveram sorte sobreviveram. Depois da quarta onda, só há uma regra: não confie em ninguém. Agora inicia-se A QUINTA ONDA. No alvorecer da quinta onda, em um trecho isolado da rodovia, Cassie foge deles. Os seres que parecem humanos, que andam pelo campo matando qualquer um. Que dispersaram os últimos sobreviventes da Terra. Cassie acredita que, estar sozinho é estar vivo, até que conhece Evan Walker. Sedutor e misterioso, Evan Walker pode ser a única esperança de Cassie para resgatar seu irmão — ou até a si mesma. Mas Cassie deve escolher entre a esperança e o desespero, entre a rebeldia e a entrega, entre a vida e a morte. Entre desistir ou contra atacar."


Crítica:


Sobre o que é intrinsecamente ser um "Ser Humano" e como mesmo em meio a um cenário de guerra, destruição e morte iminente, não deixar a humanidade, que é o que nos faz especiais, "nós", morrer. "A 5° Onda" aborda sobre o tema da invasão alienígena como nenhum outro livro já fez antes.


Esqueçam os seres pequenos, verdes, feios, detentores de alta tecnologia que chegam aos bandos em suas enormes naves, guiados pela imponente nave-mãe, já destruindo tudo e todos pelo caminho sem um outro objetivo aparente se não apenas destruir. Não, você não verá nada disso em "A 5° Onda". A temática alienígena é desenvolvida e aprofundada de modo jamais visto por mim em outro livro do gênero. O tipo de abordagem ao tema realizado pelo livro de Rick Yansey pode até te lembrar alguma outra história, como por exemplo, "A Hospedeira", de Stephenie Meyer, mas uma coisa posso te garantir: Não, você nunca viu nada igual. E é justamente esse o principal trunfo da história. No meio de tantas obras a respeito do tem, este se destaca pela originalidade e a maneira sucinta com que o autor desenvolve a trama e nos leva com ela. Em cada nova linha, parágrafo, página e capítulo nós, leitores, estamos lá, porque é assim que a narrativa nos faz sentir, como se fizéssemos parte daquilo. Pegue tudo o que você imagina sobre alienígenas. Descarte. Pronto, agora você está preparado para mergulhar neste universo onde o planeta Terra e a raça humana estão em total colapso e onde tudo aquilo que conhecemos já não é como antes. Na 1° onda, as luzes se apagaram, na 2° onda, a água invade as costas, na 3° onda, uma peste mortal ataca, na 4° onda, os silenciadores. A 5° onda está prestes a começar. Será esse o começo do fim?

































Quando você começa o novo ano já lendo um livro como esse, não tem como ele (o ano!) ser ruim, certo? Que livro maravilhoso! Eu não me sentia tão empolgada e envolvida assim com um livro a algum tempo. Não me entendam mal, li ótimos livros recentemente, mas nada me conquistou como esse. Estou oficialmente apaixonada. É como se "A 5° Onda" pegasse todas as minhas expectativas e as amassasse bem em frente ao meu rosto, mostrando e fazendo uma promessa silenciosa de que poderia e iria fazer bem mais do que isso. Fez. O livro é bem mais (mesmo!) do que eu imaginava e correndo o risco de estar enganada, embora duvide um pouco, arrisco: É o melhor livro que lerei neste ano de 2016. 



Não consigo achar um único ponto negativo na trama. Não existe. Absolutamente tudo colabora para uma história inesquecível e arrebatadora. Personagens, temática, cenários, acontecimentos, revelações, desfecho. Tudo. É. Impecável. E não é como se fosse uma historia simples e fácil de ser conduzida. Não! É extensa, complexa, cheia de reviravoltas, pontas que precisam ser fechadas no decorrer da trama. E mesmo assim, com "tudo" para deixar a desejar em algum ponto, tudo deu maravilhosamente certo. Me faltam palavras pra descrever o que é este livro e o que ele me fez sentir, mesmo muito tempo após ler a última palavra... Não é só uma distopia muito bem escrita e interessante como também é uma ótima história de ficção científica, com tudo o que o gênero pede. Não conhecia o trabalho do autor e jamais li nada dele, mas depois de "A 5° onda", mal posso esperar por outros! Se isso não é arte em seu modo mais puro e brilhante, não sei o que é. Com o perdão do trocadilho, é humanamente impossível resistir a essa história.


Apenas uma prova dos quotes e lições incríveis passados pelo livro!























A maneira como Yansey consegue nos envolver com a narrativa é algo maestral e até visceral. Ele nos atrai aos acontecimentos e depois nos prende, como um caçador com sua presa. A diferença, é perceptível; Nós, ao contrário do que se espera da caça nesta situação, não queremos sair. É simplesmente genial como Rick pega um tema tão usual e conhecido por todos, afinal, quem nunca viu um filme Hollywoodiano ou leu um livro sobre alienígenas?, e transforma em algo completamente inédito. Você não consegue prever o que virá, e isso é incrível. A sensação ao ler é que você está faminto e a leitura do livro é o caminho que leva a uma farta mesa.


O dia começou como qualquer outro... o sol nasceu, as pessoas acordaram pra realizar seus afazeres. Escola, trabalho, faculdade. Todos seguiam em suas rotinas. Afinal, era mais um dia normal como todos os outros , certo? ERRADO. No céu limpo, sem nuvens e de um azul profundo, algo, que não era o sol, mas também reluzia, com seu brilho prateado, mantinha-se suspenso sob a Terra, a espreita. Um pequeno ponto ao longe, não identificado, que mais tarde, mudaria tudo.




Cassie, de Cassiopeia, em homenagem a constelação de mesmo nome, sempre teve uma vida normal. Vivia com os pais e o irmãozinho mais novo, Sammuel, sammy para os mais próximos, sams, para ela. Tinha amigos, tinha o garoto pelo qual era secretamente apaixonada, Ben Parish, detentor do sorriso mais incrível da escola, porque olhar pra ele era como olhar pro próprio sol. Cassie tinha tudo o que precisava e mais, mas nunca parou pra pensar na real importância disso tudo, afinal, qual adolescente o faz? Isso é claro, antes de tudo mudar. Antes deles chegarem. Antes dos Outros. Antes deles estarem entre nós. Antes deles aos poucos, minarem tudo o que tinham, o que eram. Antes deles "serem" nós. Tudo isso, bem antes do primeiro dia do fim dos dias. 


Imagino que haja muita coisa parecida com isso: cidades abandonadas cheirando a esgoto e corpos em decomposição, casas incendiadas de que sobraram apenas as paredes, cães e gatos selvagens, engavetamentos de veículos que se estendem por quilômetros na rodovia. E corpos. Muitos e muitos corpos. pág. 20


Tudo começou com o apagar da energia elétrica e tudo o que ela mantinha. Carros, celulares, aviões, lâmpadas. Tudo se foi. O mundo, imerso na escuridão, em todos os seus sentidos. Primeira onda. 500 mil mortes. Enormes tsunamis aliados a terremotos que devastaram as costas. Segunda onda. Milhões de mortes. Peste. Terceira onda. Centenas de milhares de mortes. Silenciadores, caçando, um a um, os que sobreviveram. Quarta onda. Cassie agora teme a chegada da quinta e provavelmente última onda. Tudo é destruição e desolação. Seus amigos, seus pais, sua antiga vida, a Cassie que costumava ser, tudo se foi. Menos uma coisa. Sams. É ele que a mantém viva. É por ele que continua, dia após dia, sobrevivendo. Afinal, ela fez uma promessa. Ela iria buscá-lo, precisava encontrá-lo. Uma promessa que não pretende deixar de cumprir. E pra isso, ela não pode confiar em ninguém. Como confiar em outra pessoa quando o inimigo tem o seu rosto? Ela pode, muito provavelmente, ser o único e último ser humano vivo. E se ela é tudo o que sobrou da humanidade, ela será a resistência e não importa o que aconteça, irá resistir e lutar. Por Sams, por ela, por tudo o que perdeu e amou. Por toda a humanidade. 


Porque, se eu for a última, então eu sou a Humanidade.E se essa for a última guerra da Humanidade, então eu sou o campo de batalha.pág. 88


Entretanto, tudo parece mudar um pouco de perspectiva ao conhecer Evan, que a faz duvidar sobre o que de fato é prudente e certo para se manter viva. Misterioso, acolhedor e estranhamente familiar, o garoto do interior aparece no exato momento em que ela mais precisava de alguém. Perigosamente atraente, Cassie logo vê que ele pode ser sua salvação, ou ruína. Será que ele é confiável? Tateando no escuro, ela precisará mais do que nunca confiar em seus instintos. A guerra está declarada e a última batalha está começando. Cassie não sabe se está pronta, mas de uma coisa tem certeza: Não vai mais fugir. Inicia-se então sua jornada em busca do irmãozinho, e a longo dela, podemos ver flashs do seu passado, distante e recente, e acompanhar todos os desafios que enfrenta para cumprir sua mais importante e talvez última promessa.


A primeira regra para sobreviver à 4ª Onda é não confiar em ninguém, não importa qual a sua aparência. Os Outros são muito espertos nessa questão - certo, eles são espertos em tudo. Não importa se eles têm o aspecto correto, digam as coisas certas e façam exatamente o que você espera que façam. [...] Isso é assustadoramente diabólico. Esse dilema nos dilacera. Ele facilita em muito a tarefa de nos caçar e erradicar. A 4ª Onda nos obriga à solidão. Somos minoria, enlouquecemos lentamente devido ao isolamento, ao medo e à terrível expectativa pelo inevitável. págs. 14 e 15

   

É impossível não se fascinar com os personagens e não se identificar com ao menos um deles. Em suas mais diversas formas e maneiras, eles são, de fato, reais, e retratam, com verdadeira perfeição, os mais diversos comportamentos humanos diante de grandes e perigosos desafios. Com personagens extremamente cativantes, Yansey constrói uma narrativa sólida e de tirar o fôlego!

Cassie é uma sobrevivente. Valente, destemida, corajosa, fiel a sua palavra. E tem apenas 16 anos, o que é o mais admirável. Durante a história podemos acompanhar seu crescimento, a maneira como as dificuldades, ao invés de a destruírem, a fazem mais forte. Ela me inspirou de maneiras que nem conseguiria contar a vocês. Simplesmente uma das melhores personagens de todos os tempos. E tem ainda Ben, ou Zumbi, como fica conhecido, que é outro personagem extremamente interessante. Ele, ao longo de toda a história, por centenas de vezes, é envergado, mas não quebra. Inteligente, centrado, um líder nato, que alia cérebro e coração na medida certa e é um exemplo de força, determinação e resistência diante de grandes dificuldades, assim como Cassiopeia. Eu amei muito eles dois e me identifiquei de primeira! A maior parte do livro é narrada pelo ponto de vista dos dois. Uma outra parte, fica por conta de  Sammy e Evan, que não poderiam deixar de serem destacados aqui também. Cada um, a seu modo, mostra-se de grande valor e tem uma evolução surpreendente. E ainda tem Exp, uma menina incrivelmente hábil e cirurgicamente inteligente. Eu queria ser ela, ou, ao menos, tê-la como amiga! 


"A 5° Onda" beira a perfeição. Seus dilemas apresentados, suas lições passadas aos leitores... a cada página, o leitor se sente mais e mais envolvido nesse universo. Repleto de ação, lutas, mortes, sangue, perdas. Mas também de amor, perdão, vida e força. Uma verdadeira guerra pela sobrevivência da raça humana. Um grande campo de batalha reduzido a um pequeno espaço: Nossa mente. O quão forte você é? Porquee não são os fracos os que sobrevivem, e sim os fortes, os que envergam, caem, machucam e sujam, mas não se quebram. Uma verdadeira e completa experiência. Uma daquelas leituras que tem o poder de te transformar. É impossível continuar sendo o mesmo após "A 5° Onda".






A guerra começou, a 5° onda se aproxima e o campo de batalha somos nós! Irresistível, inebriante, inesquecível. A história de Rick Yansey é sem igual.


Curiosidades:



Rick Yancey é autor de dois livros para adultos: um romance e umas memórias. É também um experiente argumentista e foi, durante anos, crítico de teatro. As Extraordinárias Aventuras de Alfred Kropp é o seu primeiro livro para jovens, nascido do seu desejo de conjugar a sua paixão por espadas com o seu fascínio pela lenda de Excalibur – a mítica espada do rei Artur.Vive em Knoxville (Tennessee, EUA), com a mulher e três filhos. Grande parte da história de Alfred Kropp foi escrita durante os treinos de futebol e karate dos filhos.

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