09 setembro 2015

Entrevista: Josh Malerman, autor de "Caixa de Pássaros". [Especial Bienal do Livro 2015]






Seu livro de estréia, "Caixa de Pássaros", um thriller psicológico tenso e aterrorizante, que explora a mais pura essência do medo, tem feito um sucesso estrondoso por todo o mundo, conquistando milhares de fãs, inclusive no Brasil. Josh Malerman é um dos autores que estará presente na XVII Bienal do Livro no Rio de Janeiro, no próximo domingo, 13 de setembro, para um bate-papo com os fãs e uma sessão de autógrafos. Para mais detalhes sobre a passagem do autor pela Bienal, clique aqui.


Você pode conferir a resenha do livro "Caixa de pássaros" aqui.



O Literárias fez uma entrevista exclusiva com o autor, onde assuntos como próximos trabalhos, vida pessoal e alguns detalhes da construção do livro foram abordados. Você pode conferir a entrevista em inglês aqui.


Confira a seguir a entrevista (tradução livre):


Olá Josh! Primeiro de tudo, obrigado por isso! É um prazer falar com você. Vamos falar sobre "Caixa de Pássaros". É o seu primeiro livro publicado. Como você se sente sobre isso? Você imaginava todo esse sucesso?


Eu sinto muitas coisas sobre isso ao mesmo tempo; alegria, medo, alívio, confusão cósmica, e gratidão. Dizer que eu "previ" que isso acontecendo é apenas um pouco errado; Eu estava apenas iludido o suficiente para pensar que isso iria acontecer, embora eu estivesse também satisfeito em viver com essa ilusão e nada mais. Eu costumava entrevistar a mim mesmo, encenava reuniões falsas com editores imaginários, e contava livros invisíveis que eu tinha escrito nas prateleiras. Como se eles tivessem sido publicados e indo bem. Então ... quando todas estas grandes coisas começaram a acontecer para "Caixa de Pássaros", eu estava parcialmente pronto, mas de jeito um lunático.




"Caixa de Pássaros" é diferente de tudo que eu já li ... De onde veio a inspiração para escrevê-lo? Há algum livro que especificamente te inspirou?


Isso foi gerado a partir de uma imagem, na verdade. Uma mãe e duas crianças viajando por um rio de olhos vendados. Isso foi assustador para mim. Havia algo sombriamente emocionante sobre isso.Eu comecei a escrever e logo percebi que eles estavam fugindo de algo. Mas fugindo do que? Bem, estive muito tempo com medo do conceito de infinito, o fato de que existem conceitos que nossas mentes não podem compreender. Isso é assustador para mim. Então ... eu decidi que Malorie estava fugindo do infinito, ou algo parecido, e isso pareceu certo. Parecia a coisa exata da qual ela estaria fugindo.



O gênero horror sempre foi de seu interesse?


Ah sim. Sempre. Meu caso de amor com horror começou quando eu tinha doze ou treze anos, como a maioria dos meninos e meninas, eu acho. Alguns livros eram assustadores demais para eu ler naquela época e eu tinha que ler algumas páginas e depois parar. Eu acho que eu me apaixonei pelo horror uma vez que eu entendi que ele permiti a você, como um escritor e um leitor, ser uma criança para sempre. Não devemos acreditar que estas coisas são possíveis, como adultos, e, portanto, elas deveriam deixar de nos assustar. Mas ... se nós nos permitimos ainda ficarmos com medo ... isso significaria que podemos permanecer crianças para sempre?



Seu livro nos fala sobre o quão perigoso é abrir os olhos e enxergar... Se você tivesse que perder um dos seus sentidos, qual seria? Por quê?


Se eu tivesse a escolha... Eu perderia o olfato. Eu não me imagino sem visão ou audição e paladar é, provavelmente, o mais divertido de todos. Então eu perderia meu olfato. Eu suponho que isso poderia me colocar em risco de ser um mal hóspede, no entanto.



Eu li um post em sua fanpage no Facebook, onde você fala sobre escrever um livro e não conseguir terminá-lo. E você disse que isso aconteceu com você. Como foi a sensação quando você finalmente conseguiu? O que você tem a dizer para aqueles que estão passando por isso agora?


Isso continua a ser a única grande sensação que eu já senti. Ver o final, saber que eu estava chegando lá. Levantei-me em meu assento e apontei para as páginas e falei: "Eu vou terminar! Eu realmente vou terminar este aqui!". Eu acho que aprendi naquele dia que não há problema em terminar o livro de qualquer maneira possível. Existe um final de alguma forma melhor que o outro? Pode ser que sim. Talvez não. Assim, uma vez que você estabeleceu o fato de que inúmeros finais poderiam funcionar ... escolha um. Eu tenho muito a dizer sobre o tema da inspiração e por que não esperar por ela, e eu espero ter a oportunidade de falar com um monte de leitores / escritores sobre isso no Brasil.



Você faz parte de uma banda, a High Strung. Quanta influência fazer música tem sobre escrever livros?


Eu costumava pensar que as curtas ideias de histórias tornavam-se músicas, mas ultimamente eu tenho escrito curtas histórias em vez disso. E estou amando isso. A verdadeira influência que a música tem tido sobre os livros é o ritmo, o compasso, e a ideia de que está tudo bem em jogar fora uma ideia, de improvisar um bocado, ao escrever uma história. Assim como você faria com seus parceiros de banda no palco.



Como você concilia seu lado músico com o lado escritor?


Isso é fácil porque ambos são feitos com amor. Ultimamente eu não tenho escrito tantas canções. Eu acho que está tudo bem. Mas eu também sei que é porque o lado do livro é muito emocionante. Mas, novamente, o lado do livro sempre foi muito emocionante pra mim. Então... talvez isso seja apenas uma questão de me sentir mais eu mesmo entre as páginas de um livro agora. É mais onde minha personalidade está. 






Você sempre soube que seria um escritor? Quando esse desejo surgiu?


Eu acho que sim. Sim. Eu tentei escrever um livro quando eu tinha dez anos de idade. Então tentei mais cinco vezes durante os anos até que tive meu grande acontecimento. Meu primeiro projeto acabado. Por nenhuma razão exata eu sempre tive fé que terminaria um, depois outro, e por aí em diante. Eu não tenho certeza do que me impulsionou nesse caminho, o que me fez pensar dessa maneira, mas isso mostra que eu estava certo em pensar assim. Eu não tenho sido capaz de desacelerar desde então.



Você já está trabalhando em um novo projeto? Talvez uma continuação de "Caixa de Pássaros"...

Próximo livro, mas não uma sequência. Eu posso retornar ao mundo de Malorie um dia... mas não ainda. São muitas ideias, tantas ideias, que permanecer com alguma por alguns anos, alguns livros, não parecia certo. Disto isto, eu me pergunto o que Gary estaria fazendo. Eu penso nele frequentemente. 



O que você gosta de fazer no seu tempo livre?


Não existem muitos destes dias! Eu amo ler, é claro, e assistir "Alfred Hitchcock Apresenta". Eu faço cestas com meus amigos. Vejo música ao vivo. Faço filmes. É realmente tudo arte o tempo todo nesta casa. E eu amo isso desse jeito.



Que conselhos você daria para aqueles que desejam ser escritores?


Bem, eu acho que esse tipo de coisa é melhor respondida em pessoa, um a um. Mas há algumas coisas que eu penso com frequência: 1) Não tenha medo de escrever um livro ruim. O que soa melhor, ter um rascunho que mais tarde você pode corrigir, ou não ter nenhum projeto? E 2) Não espere por inspiração. A inspiração é um monstro que te engana ao fazer você esperar por ele. Todos nós nascemos inspirados. Se você está apaixonado? Ame. Se você não é? Encontre o que você ama.



Você vai estar na Bienal do Livro, no Rio de Janeiro, em setembro. Esta será a sua primeira vez no Brasil? o que você espera disso?


Primeira vez fora dos Estados Unidos (Exceto pelo Canadá). Eu estou loucamente animado! O que eu espero? Eu fico imaginando noites longas com música ao vivo e toneladas de leitores/escritores com quem conversar. Eu espero que seja algo do tipo. Vamos falar muito, dançar muito e dormir menos.



Você sabe alguma palavra em português? O que você sabe sobre o Brasil?


Eu não sei nada em português. O que pode culminar em algumas conversas engraçadas. 



Você tem algo a dizer para os seus leitores brasileiros? E para aqueles que não conhecem o seu trabalho ainda?


Eu tenho, sim. Por favor, saibam que vocês pegaram o sonho de jovem e ajudaram a transforma-lo em uma coisa muito real. Que vocês me deram um presente, o presente final absoluto, de ler a história assustadora que eu tanto quis que vocês lessem. É difícil para mim articular o quanto tudo isso significa para mim, além de dizer, a reação do Brasil (os e-mails, as cartas, os bate-papos) mudou a minha vida, acrescentou um brilho, acendeu uma luz que eu nem sequer sabia que estava na minha casa, para começar.


Tradução: Tatiane Costa/ Daianne Costa.






Como dito acima, o autor estará na Bienal do Livro no próximo dia 13 de setembro, domingo, último dia do evento. Não perca a oportunidade de conhecer ele e seu maravilhoso trabalho! And Josh, thank you very much for this! You're awesome!

















Comentários
4 Comentários

4 comentários:

  1. A entrevista está linda e ele é um fofo contando os dias para conhecê-lo!❤

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  2. Oi Tati a entrevista ficou ótima, o Josh é um enigma né! Nós conhecemos na Bienal lembra, estou seguindo seu blog! Bjkas
    Dani Casquet- Livros, a Janela da Imaginação

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    1. Oi Dani! Claro que lembro! haha. Também já estou seguindo seu blog, que aliás é um arraso! Parabéns! E sim, Josh é enigmático até demais!rs. E que experiência linda foi conhece-lo, né? Beijinhos :*

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