05 maio 2014

Resenha: "Todo Dia"

Título Original: Every Day

Gênero: Romance
Autor: David Levithan

Ano: 2013
Editora: Galera Record

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Nota pessoal: 4/5  


Citação favorita: "Enquanto cochilamos, sinto uma coisa que nunca senti. Uma proximidade que não é apenas física. Uma conexão que desafia o fato de que acabamos de nos conhecer. Um sentimento que só pode vir da mais eufórica das sensações: A de pertencer a alguém."

Personagem Favorito: "A". A forma como ele encara as pessoas, mas principalmente a vida é incrível. "A" não se importa com quem ele é em determinado dia. Garoto, garota, gordo, magro, alto ou baixo. "A" apenas se importa com quem a pessoa realmente é, com quem ela é por dentro. Pra ele, isso é tudo o que importa, e isso é realmente lindo.



Crítica:


Todo dia um corpo diferente. Pessoas, gêneros, casas, famílias e amigos. Tudo é diferente. Todo dia um dia que nunca se repetirá.




Um livro completamente diferente de tudo o que eu já li até agora. Ouvi falar de "Todo dia" a algum tempo atrás, mas não sabia exatamente do que o livro se tratava, apenas gostei MUITO da capa e me interessei por ele instantaneamente. Depois de um tempo, acabei esquecendo dele, até que eu por um acaso da vida, li uma resenha - não me lembro onde - e simplesmente precisei deste livro. Gosto de livros que "fogem" do comum. Que saem daquela "bolha" onde muitos livros se encontram, sempre abordando os mesmos assuntos, sempre indo em direção ao que todo mundo já esperava. Livros assim, diferentes, sempre tem algo a mais, e "Todo Dia", assim que soube do que se tratava, logo me chamou atenção. Além de abordar um assunto incomum, o que já é muito instigante, você já se sente atraído só pela capa. Que arte LINDA! Ela é só uma prévia de tudo o que estava por vir ao abrir o livro.






Já na primeira página somos apresentados a "A.". "A." não é homem ou mulher, não é alto ou baixo, magro ou gordo, negro ou branco. "A." é simplesmente "A.". E tem sido assim desde que existe. Todo dia "A." assume uma nova aparência, uma nova vida. Sempre foi assim, e "A." já desistiu de tentar entender o que exatamente é e porque isso acontece. Simplesmente vai vivendo, habitando um novo corpo a cada dia, envolvendo-se a uma nova história a cada manhã, vivendo cada dia como se fosse único. Todo dia.



Todo dia sou uma pessoa diferente. Eu sou eu, sei que sou, mas também sou outra pessoa. Sempre foi assim.
página 7


"A." costuma sempre habitar corpos que acompanham a sua idade, e no momento, habita corpos de adolescentes na faixa dos 16 anos. Ele não sabe o porquê, e nem tenta mais descobrir o motivo, simplesmente se conformou com a sua existência assim como qualquer outra pessoa.
Então no dia 5.994 de sua vida, em uma manhã normal como qualquer outra, "A." abriu os olhos em um novo corpo. Desta vez ele era Justin, um garoto que ele conhece bem o tipo - quarto bagunçado, mais vídeo games que livros, gosto de cigarro na boca - e de cara percebe que provavelmente não gostará do dia que está por vir. Com o passar dos dias, "A." foi aprendendo que não deve se intrometer na vida das pessoas cujos corpos habita. Nada de decisões difíceis, nada de terminar namoros, nada de reprovar na escola. "A." tenta passar o dia sem prejudicar à pessoa de quem "tomou emprestado" o corpo, mesmo que ele não goste muito dela. Isso soa muito simples, mas na teoria, é claro. E ele sente isso na pele no momento em que está no corpo de Justin e Rhiannon aparece. Geralmente "A." consegue passar o dia na escola sem demais problemas, sem conversar muito, apenas trocando uma ou duas palavras, sem se envolver. Mas não com Rhiannon, a namorada de Justin, ela é diferente. "A." sente dentro de si uma grande necessidade de ir além, de conhece-la, de fazer aquela menina de semblante triste e olhos vagos sorrir. "A." sabe que esse sentimento não vem de Justin, é próprio, dele. Então "A." escolhe saber mais. Escolhe ir além.


Mas tem algo nela - as cidades nos tênis, o lampejo de coragem, a tristeza desnecessária - que faz com que eu queira saber que palavra vai aparecer quando deixar de ser um som. Passei anos encontrando pessoas sem nunca conhece-las, e hoje de manhã, neste lugar, com esta garota, sinto o impulso mais leve de querer saber. E, num momento de fraqueza ou de coragem da minha parte, escolho seguir o impulso. Escolho saber mais.
página 11

E é aí, diante de uma simples escolha, que a vida até então "normal" de "A." muda para sempre. Ao se permitir conhecer Rhiannon e dividir seu dia com ela, "A." acaba descobrindo sentimentos que nunca havia antes experimentado, momentos que jamais havia vivido. Tudo parecia tão incrível e lindo! Rhiannon faz com que ele se sinta diferente, faz com que queira prolongar as 24 horas que tem naquele corpo, faz com que ele não queira que o dia termine e que pelo menos uma vez em toda a sua existência, aquele momento durasse para sempre.


Enquanto cochilamos, sinto uma coisa que nunca senti. Uma proximidade que não é apenas física. Uma conexão que desafia o fato de que acabamos de nos conhecer. Um sentimento que só pode vir da mais eufórica das sensações: a de pertencer a alguém.
Página 25


  Por mais que "A." queira fazer com que aquele dia durasse, ele não sabia como. As horas foram passando e ao anoitecer, na iminência do novo dia que começaria, "A." adormeceu, e ao acordar, já estava em outro corpo. Ao acordar no corpo de uma garota, Leslie, "A." se recorda com alegria do dia anterior, mas com tristeza também, já que ele não está mais no corpo de Justin, não está mais com Rhiannon. E é a partir daí que a cada novo dia, a cada novo corpo que habita, "A" encontra uma forma de ir atrás de Rhiannon, de fazer algum tipo de contato com ela, de alguma forma desfrutar de sua presença. Isso, até "A." resolver contar a sua verdade a ela e as coisas mudarem de forma assustadora. Como explicar toda a verdade a ela se nem "A." a entende por completo? Como esperar que alguém te ame quando se tem um rosto novo a cada dia? Enfrentando seus próprios fantasmas, os dois lutam a cada dia por esse amor e mais do que isso, lutam contra seus próprias escolhas. Será o amor mais forte do que qualquer coisa?


Ao ler "Todo Dia" você se depara com uma história que te faz viajar, ao mesmo tempo em que te situa à sua realidade, seja ela qual for. Você seria capaz de amar alguém nestas circunstâncias? Essa e muitas outras perguntas rondam nossos pensamentos ao ler esta bela obra escrita por David Levithan, que aliás, escreveu de forma clara e objetiva, tendo o cuidado de explicar, até onde podia ir, a vida de "A.", afim de que o leitor não se perdesse no enredo. O livro é narrado pelo próprio "A.", então é possível ter contato direto com suas emoções e pensamentos, o que é propício para o envolvimento do leitor com o personagem. Além disso, a diagramação e como já disse, a capa, são muito bem feitas, o que é mais um ponto positivo do livro. Ao fechar o livro, percebemos claramente o quanto ele pode nos ensinar. Uma das lições mais importantes que ali estão, está o fato de que devemos e podemos amar sem distinções. Amar alguém independente de sua aparência, credo, cor ou religião. Simplesmente amar. E hoje, em um mundo onde o amor virou um sentimento em desuso, banal, amar verdadeiramente alguém é um trunfo dos mais  importantes e sem dúvida alguma uma dádiva para nossas vidas. Você pode conferir a matéria sobre o livro na coluna "Li até a página 100 e..." aqui e conferir alguns quotes do livro aqui


Curiosidades:

David Levithan (nascido em 07 de setembro de 1972, Short Hills, New Jersey) é um editor de ficção gay jovem americano adulto e autor premiado. Ele teve seu primeiro livro, Boy Meets Boy, publicado em 2003. Ele tem escrito inúmeras obras com personagens gays do sexo masculino, principalmente Boy Meets Boy e Nick and Norah's Infinite Playlist. Aos 19 anos, Levithan recebeu um estágio na Scholastic Corporation, onde começou a trabalhar na série The Baby-sitters Club. Dezessete anos depois, Levithan ainda está trabalhando para Scholastic como diretor editorial. Levithan é também o editor-fundador do PUSH, uma marca jovem-adulto da Scholastic Press enfocando novas vozes e novos autores.

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